domingo, 25 de novembro de 2012

SUBSÍDIOS AGRÍCOLAS E A OMC


Subsídios agrícolas e a OMC

Uma grande polêmica que se estende sobre o comércio de produtos agrícolas no mundo, são os subsídios concedidos pelos Estados Unidos e pela União Européia aos seus agricultores.
Primeiramente, subsídio é uma quantidade de dinheiro paga aos fazendeiros como um incentivo a produção e à exportação. Como os produtores recebem, então, um recurso adicional por parte dos governos, ele pode vender mais barato, por um preço mais competitivo no mercado internacional.
Eles são pagos, em geral, pelo contribuinte, pois se trata de dinheiro público recolhido pelo Estado. Na União Européia, por exemplo, os subsídios chegam até os agricultores através da Política Agrícola Comum (PAC).
Um exemplo com valores hipotéticos pode auxiliar na compreensão. Se um lavrador espanhol cultiva o trigo com um custo de produção de 100 €, a tonelada e o preço do produto no mercado é de 101 €, significa que seu lucro é muito pequeno, levando-o a se desestimular por produzi-lo, gerando uma série de consequências econômicas e sociais decorrentes disso.
Para evitar maiores problemas a união Européia injeta, por exemplo, na forma de subsídios 15 € por tonelada. Como este produtor receberá então este valor em dinheiro, ele deve descontar os 15 € dos 100 €, reduzindo assim seu custo de produção para 85 €. Neste caso, o seu lucro sobe para 16 €.
Na medida em que os governos dos países ricos oferecem subsídios aos produtores e os produtos se tornam mais baratos, os países mais pobres têm dificuldades em entrar neste mercado e vender seus produtos.
Os Estados Unidos, por exemplo, destinam ao ano cerca de U$ 3.9 bilhões aos seus 25 mil produtores de algodão, com a finalidade de reduzir os custos de produção e ampliar os negócios do setor com um produto de preço mais barato.
No caso da União Européia a PAC reservou € 48 bilhões para ajudar os agricultores, quase 49% da sua despesa anual. A política de subsídios não é nova na União Européia e foi elaborada a partir da conjuntura política e econômica vigente logo após a Segunda Guerra Mundial quando a falta de alimentos era crônica e o racionamento uma realidade.
O objetivo maior era o de dar certa estabilidade aos produtores para que abastecessem o mercado.  Para tanto, os subsídios foram implantados como uma garantia de renda aos agricultores e, ao mesmo tempo, preços baixos aos consumidores. A PAC continua sendo um dos temas mais polêmicos na União Européia.
O que se nota hoje é uma gigantesca muralha que se ergueu entre os países pobres e ricos levantada por esta política de proteção. A Organização Mundial de Comércio (OMC) comandada pelos países economicamente mais fortes tem promovido a discussão desta prática de formação de preços, porém os resultados têm sido pouco expressivos.
Não fosse a competição desigual que se estabelece os excessos de produção (àqueles que não são consumidos internamente) ainda são vendidos ao mercado mundial, rebaixando os preços dos produtos e prejudicando ainda mais os países mais pobres, cuja economia se apoia em produtos agrícolas de exportação.
 É interessante notar que esta prática ocorre justamente onde os países mais pobres possuem produtos competitivos no mercado internacional, pois são produtos de baixo valor agregado (reduzida incorporação de valor). No caso de produtos de alto valor agregado (em geral industrializados) os países ricos pressionam os pobres para que abram seus mercados e evitem o protecionismo. Foi o que aconteceu a partir dos anos 1990 no Brasil, quando a título de alcançar a modernização e se inserir nos mercados mundiais, derrubamos tarifas e outras formas de proteção de nosso mercado interno. O resultado foi o fechamento de um número significativo de empresas no Brasil, a ampliação das importações e a explosão do desemprego.
A representante da Oxfam (ONG dedicada a incentivar as ações de desenvolvimento e de combate à pobreza) Amy Barry, diz que os países pobres devem ter o “direito de proteger” suas indústrias novas. “Os países ricos não chegaram onde estão hoje sem barreiras ao comércio. Não é nada razoável e altamente destrutivo esperar que os países em desenvolvimento operem sem nenhuma proteção contra indústrias estrangeiras fortes”, afirma Barry.
Como os países ricos controlam os destinos da economia mundial e os países pobres participam de maneira complementar a ela, fica difícil enfrentar seus mecanismos de proteção do mercado interno de um lado e, de outro, se inserir no mercado mundial de maneira soberana e altiva, dadas as nossas deficiências na produção de tecnologia.