sábado, 26 de janeiro de 2013

Estudo sobre: João Batista - O Último Profeta do Antigo Testamento


Estudo sobre: João Batista - O Último Profeta do Antigo Testamento

JOÃO BATISTA E A COMUNIDADE DOS ESSÊNIOS, por Esequias Soares

Há ainda hoje quem procure associar João Batista à comunidade dos essênios que viviam em Qumran, no deserto da Judéia nas proximidades do Mar Morto. Josefo descreve o modus vivendi dessa antiga seita judaica em Antiguidades Judaicas, Livro 18, capítulo 1; Guerras Judaicas, Livro 2, capítulo 12[1]. A descoberta de sua biblioteca a partir de 1949 confirma os relatos do historiador judeu e trouxe à tona muitos detalhes até então desconhecidos. Desde então, não falta especulação sobre a possibilidade de João Batista e até o próprio Jesus terem sido essênios. Os documentos encontrados na região são abundantes, mas nenhuma prova conclusiva ainda foi apresentada. Parece, pois, temerário tentar associar o filho de Zacarias a eles.

Os defensores de um João Batista essênio argumentam que a comunidade era governada por uma hierarquia sacerdotal e João veio de família de sacerdotes. Tanto o filho de Zacarias como o grupo de Qumran compartilhava da visão escatológica, viviam no deserto e praticavam o banho ritual.

A teologia escatológica vem desde Ezequiel e Daniel. A literatura apocalíptica posterior trata basicamente do fim do mundo e do juízo final. Por que João teria que se abeberar em fontes essênias? Josefo e os documentos de Qumran afirmam que os essênios eram contra o ritual do templo de Jerusalém, por essa razão foram viver como eremitas no deserto, afastando-se da sociedade. Além disso, mulheres não eram aceitas na comunidade, mas adotavam crianças. Esses dados por si só mostram que os pais de João Batista não podiam ser essênio, pois Zacarias ministrava o sacerdócio na Casa de Deus, quando o anjo anunciou o nascimento de seu filho e era casado. E João? O texto sagrado afirma: “E o menino crescia, e se robustecia em espírito, e esteve nos desertos até o dia em que havia de mostrar-se a Israel” (Lc 1.80). Alguns interpretam que, como seus pais já eram idosos, logo teriam morrido e seu filho teria sido adotado por alguma seita do deserto. É evidente que se trata de interpretação hipotética, pois o deserto, na Bíblia, é sempre apresentado como local de contemplação e inspiração profética, quem não se lembra das experiências de Moisés e Elias? (Ex 3.1; At 7.30; 1Rs 19. 4-7). E João é o último da linhagem dos profetas: “Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João” (Mt 11.13).

Os banhos rituais eram parte da vida dos essênios, ainda hoje podem ser vistas essas banheiras de pedras em Uiad Qumran. Porém, o batismo que João introduziu é outra coisa, muito diferente da prática dessa comunidade do deserto. Segundo Josefo, essa prática visava à purificação do corpo e, sobretudo, era praticado diariamente.

A verdade é que ele realizava batismo ao longo do Jordão, não ficava fixo em um só lugar: “E percorreu toda a terra ao redor do Jordão, pregando o batismo de arrependimento, para o perdão dos pecados” (Lc 3.3). A Palavra de Deus afirma que: “João batizava também em Enom, junto a Salim, porque havia ali muitas águas; e vinham ali e eram batizados” (Jo 3.23). Essa região é no norte de Israel, em Bete Shean. Ele realizou também batismo do outro lado do Jordão, onde hoje é a Jordânia: “Essas coisas aconteceram em Betânia, do lado do Jordão, onde João estava batizando” (Jo 1.28). Este é o local do batismo de Jesus.

A mensagem de João não era pensamento humano, nem da escola de Shamai, nem de Hillel, e muito menos dos essênios. É até possível haver alguns pontos de intercessão se forem comparadas todas as ideias religiosas vigentes na época. No entanto, afirmar que o Batista foi essênio ou que recebeu influência deles com base nos argumentos acima apresentados é exagero, é forçar demais a interpretação dos fatos.

Texto extraído da obra: O Ministério Profético na Bíblia. Rio de Janeiro, CPAD.

[1] A divisão de livros, capítulos e parágrafos nas obras de Flávio Josefo, na edição da CPAD, destoa do padrão universal, mas é a referência documentada aqui para facilitar a pesquisa de quem deseja conferir as informações.

Por que Jesus foi batizado se não tinha pecado?
  O erudito do NT Dr. William Barclay diz que o batismo de Jesus nos ensina quatro verdades importantes, que mostraremos a seguir:

      Primeira, o batismo de Jesus foi o momento da decisão.

      Durante trinta anos, Jesus viveu como carpinteiro na cidade de Nazaré. Desde a infância, entretanto, tinha consciência da sua missão. Aos doze anos, já alertava José e Maria acerca da sua missão. Contudo, agora era tempo de agir e iniciar o seu ministério. Seu batismo foi o selo dessa decisão.

      Segunda, o batismo de Jesus foi o momento da identificação.

      Jesus veio ao mundo como nosso representante e fiador. Ele se fez carne e habitou entre nós. Ele se fez pecado e maldição por nós (2Co 5.19-21). Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e carregou sobre o seu corpo, no madeiro, os nossos pecados (1 Pe 2.24). Ele não foi batizado por pecados pessoais, mas pelos nossos pecados imputados a ele. Jesus foi batizado a fim de expressar sua identificação com o povo.

      Terceira, o batismo de Jesus foi o momento da aprovação.

      Quando Jesus saiu da água, o céu se abriu, o Pai falou e o Espírito Santo desceu. Ali estava a Trindade referendando seu ministério. O Pai afirmava sua filiação e declara que em Jesus e na sua obra Ele tem todo o seu prazer. A pomba deu sinal do término do julgamento após o dilúvio na época de Noé. A pomba agora dá o sinal da vinda do Espírito Santo sobre Jesus, abrindo-nos o portal da graça.

      Quarto, o batismo de Jesus foi o momento da capacitação.

      Nesse momento o Espírito Santo desceu sobre Ele. Ele foi cheio do Espírito Santo. Jesus como homem precisou ser revestido com o poder do Espírito Santo. Ele foi batizado com esse poder no Jordão. Ele foi guiado pelo Espírito ao deserto. Ele retornou à Galiléia no poder do Espírito Santo. Ele agiu no poder do Espírito Santo na sinagoga. Ele foi ungido pelo Espírito para fazer o bem e curar todos os oprimidos do diabo (At 10.38).

COMENTÁRIOS SOBRE ALGUNS VERSÍCULOS:
Mateus 11:11 “Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu outro maior do que João, o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele.”
João Batista teve o privilégio de ver as profecias serem concretizado quando declarou o Cristo que havia chegado (Isaias 40:3 e em Malaquias 3:1). Entretanto, o menor no reino dos céus é maior do que ele simplesmente pelo fato de que com a morte e ressurreição de Cristo temos mais privilégios. É também passível agregar a ideia de que qualquer cristão tem uma perspectiva da vinda do Messias muito mais completa que qualquer profeta, ainda que esse profeta seja o maior de eles todos.
Mateus 11:12 “E, desde os dias de João Batista até agora, se faz violência ao Reino dos céus, e pela força se apoderam dele”.
Pensamento: Este versículo tem sido objeto de diversas interpretações.
Então proponho o seguinte pensamento; em primeiro lugar o Reino dos céus sofre violência, vejamos:
1 - Parece-nos que Jesus está se referindo à violência e aos homens violentos que queriam um reino segundo a vontade humana. As palavras de Jesus já estavam se cumprindo na vida de João Batista, em pouco tempo se cumpririam na vida de Jesus e mais adiante na vida dos próprios discípulos. Era muita violência e muito conflito – tudo por causa do Reino. Jesus havia experimentado isso já na sua infância, pois o pai do mesmo Herodes que aprisionou João matou todos os meninos com menos de dois anos na região de Belém, tentando destruir o futuro Rei (Mt 2:16). A injustiça e o sofrimento pelo qual João passava, e que o levaram a questionar se o Reino havia chegado, foi o resultado dos ataques que o Reino dos Céus sofreria e sofre até hoje.
2 - Descreve-se aquele esforço e aquela luta entusiástica e irresistível para alcançar o reino messiânico nos céus. Os ungidos (eleitos) não pouparão esforços para se apoderarem do Reino.

SOBRE A CENSURA DE JOÃO BATISTA A HERODES ANTIPAS
Mateus 14: 1-12 “Naquele tempo, ouviu Herodes, o tetrarca, a fama de Jesus. E disse aos seus criados: Este é João Batista; ressuscitou dos mortos, e, por isso, estas maravilhas operam nele. Porque Herodes tinha prendido João e tinha-o manietado e encerrado no cárcere por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe; porque João lhe dissera: Não te é lícito possuí-la. E, querendo matá-lo, temia o povo, porque o tinham como profeta. Festejando-se, porém, o dia natalício de Herodes, dançou a filha de Herodias diante dele e agradou a Herodes, pelo que prometeu, com juramento, dar-lhe tudo o que pedisse. E ela, instruída previamente por sua mãe, disse: Dá-me aqui num prato a cabeça de João Batista. E o rei afligiu-se, mas, por causa do juramento e dos que estavam à mesa com ele, ordenou que se lhe desse. 10 E mandou degolar João no cárcere, e a sua cabeça foi trazida num prato e dada à jovem, e ela a levou a sua mãe. E chegaram os seus discípulos, e levaram o corpo, e o sepultaram, e foram anunciá-lo a Jesus”.
O rei era Antipas, chamado de "o tetrarca", pois reinava sobre uma província, no seu caso a Galiléia e Peréia; ele tinha dois irmãos, Filipe que reinava sobre o leste do Jordão e Arquelau, rei da Judéia e de Samaria. Os três eram filhos de Herodes o Grande e todos eram conhecidos como "Herodes", bem como outros descendentes de Herodes o Grande que mais tarde assumiriam o poder. Todos eram infames, notórios pela sua crueldade.
Antipas era de origem iduméia e árabe por parte do pai, e samaritana por parte da mãe. Abandonando sua esposa, ele casou-se com Herodias, que havia sido esposa do seu irmão Filipe (não o tetrarca). João Batista repreendeu-o por causa disto (Levítico 20:21 – E quando um homem tomar a mulher de seu irmão, imundícia é; a nudez de seu irmão descobriu; sem filhos ficarão), e por todas as coisas más que ele tinha feito, e assim angariou o ódio dos dois e foi posto na prisão. Herodias queria vê-lo morto, mas Herodes temia João pois sabia que ele era um homem justo e santo (Marcos 6:20 – Porque Herodes temia a João, sabendo que era homem justo e santo; e guardava-o com segurança, e fazia muitas coisas, atendendo-o, e de boa mente o ouvia).
Mas Herodias aproveitou-se de uma promessa feita levianamente por Herodes a Salomé, filha de Herodias e sobrinha de Herodes, para conseguir que ele ordenasse o degolamento de João. Este episódio é relatado a seguir, e temos muitos mais detalhes narrados em Marcos 6:14 a 29.