1° GUERRA MUNDIAL
Introdução
No início do século XX, era indiscutível a supremacia
da Europa sobre o resto do mundo. Paris, Londres, Roma, Berlim e outras grandes
cidades eram centros representativos da sociedade liberal - burguesa.
Esta sociedade, caracterizada pela hegemonia
da burguesia e pela consolidação do capitalismo monopolista, parecia acreditar
no progresso infinito, baseado no desenvolvimento da ciência, na razão humana e
na expressão da economia europeia.
Nas grandes cidades europeias, conviviam,
lado a lado, os símbolos da riqueza da sociedade liberal - burguesa, e os da
pobreza. Em uma parte, teatros, cafés, desenvolvimento artístico e intelectual;
em outra, cortiços, mendigos e difíceis condições de trabalho nas fábricas.
O
imperialismo
Após 1870, verificou - se uma concentração da
produção e do capital. Grandes empresas passaram a controlar o mercado e a
produção. Era a época do capitalismo monopolista.
As crises de superprodução do capitalismo
obrigavam os grandes grupos monopolistas à buscas progressiva de novos mercados
em outros continentes.
Interesses políticos das principais potências
capitalistas européias, associados aos interesses econômicos dos grandes
grupos, determinaram uma corrida imperialista. Várias regiões da África e da
Ásia foram anexadas.
Tal anexação garantiria a expansão dos
mercados, o controle sobre regiões produtoras de matérias - primas e o
investimento dos capitais excedentes.
O Imperialismo aprofundou as rivalidades
existentes entre as principais potências européias. Multiplicaram - se as
tensões, em função das disputas pelos domínios coloniais.
As alianças
A partir de 1871, foi sendo construído um
sistema de alianças entre os países europeus. Em 1914, a Europa encontrava - se
dividida em dois blocos: a Tríplice Aliança e a Tríplice Entente.
Este sistema iniciou - se após a derrota
francesa na guerra franco-prussiana, em 1870. Obrigados a ceder aos alemães as
regiões da Alsácia e da Lorena, os franceses se aproximaram da Inglaterra e da
Rússia. Formou - se, assim, a Tríplice Entente.
Já a Alemanha procurou precaver-se se aliando
a Itália e à Áustria-Hungria. Para a Alemanha, era importante articular um
sistema de alianças que desencorajasse os franceses de qualquer ação militar.
Os focos de tensão
A principal região de tensão, às vésperas da
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Guerra Mundial, era a península balcânica. Existiam ali vários pequenos países,
com uma população de nacionalidades diversas.
Até os fins do século XIX, a península esteve
sob o controle da Turquia (Império Otomano), mas com a decadência desta, a
Sérvia passou a pretender uma expansão territorial. Assim, a Sérvia obteria uma
saída para o mar e incorporaria várias minorias nacionais.
A Áustria-Hungria também tinha pretensões
expansionistas. Em 1908, a Bósnia-Herzegovina foi anexada e, em 1912, a Albânia
surgiu como Estado independente em função das pressões austro-húngaras.
A Rússia, por uma questão de pan-eslavismo,
apoiava os sérvios, pelo fato de estes serem de origem eslava.
O Marrocos era outro foco de tensão.
Localizado no norte da África, o Marrocos mantinha uma autonomia meramente
formal. Desde os fins do século XIX, verificava-se a penetração de capitais
franceses no país. Os alemães se opunham a uma anexação do Marrocos, temerosos
da crescente influência da França no norte da África.
Em 1911, os franceses cederam parte do Congo
à Alemanha, para terem o direito de incorporar o Marrocos. As potências de
armam e se aliam
Os focos de tensão e a disputa pela hegemonia
conduziram os países da Europa à corrida armamentista. Os governos passaram a
estimular cada vez mais a indústria de armamentos e de recrutar civis para
aumentar os contigentes militares. Enormes verbas foram desviadas para as
Forças Armadas, originando poderosos exércitos e frotas. O militarismo cresceu
e a possibilidade de acordo para manter o equilíbrio entre as nações
imperialistas ficou mais difícil. A paz ainda existia, porém armada.
As nações européias, para defender seus
interesses, buscavam alianças, o que as dividiu em dois blocos: a Tríplice
Entente, formada por Inglaterra, França e Rússia, e a Tríplice Aliança, que
reunia Alemanha, o Império Austro-Húngaro e a Itália.
A
guerra começa nos Bálcãs
No dia 28 de junho de 1914, em visita a
Sarajevo, capital da Bósnia, o arquiduque herdeiro do Império Austro-Húngaro,
Francisco Ferdinando, e sua esposa foram assassinados. Os autores do atentado
tinham ligações com uma sociedade secreta da Sérvia, a Mão Negra. A Áustria
enviou um ultimato ao governo sérvio, com várias exigências, entre elas a de
que os austríacos participassem das investigações sobre o atentado, o que foi
rejeitado. Um mês depois, a Áustria declarou guerra à Sérvia, que contou com o
apoio da Rússia.
O desdobramento do conflito nos Bálcãs acabou
envolvendo também outros países europeus. A Alemanha declarou guerra à Rússia e
à França. E, quando as tropas alemãs invadiram a Bélgica, com o objetivo de
atacar o território francês, a Inglaterra declarou guerra à Alemanha.
A Itália, que pertencia à Tríplice Aliança,
entrou na guerra ao lado da Entente porque a Inglaterra havia-lhe prometido os
territórios irredentos, que não conseguiram conquistar da Áustria na época da
Unificação.
O Japão, interessado nas possessões alemãs no
Oriente, aderiu aos Aliados. Em 1917, a Rússia retirou-se da guerra por causa
da Revolução Bolchevique. Nesse mesmo ano, os Estados Unidos entraram no
conflito, ao lado da Entente, porque temiam a perda de seus investimentos na
Europa. Usaram como pretexto o afundamento de navios norte-americanos por
alemães.
O ataque a navios mercantes brasileiros por
submarinos alemães levou o Brasil a declarar guerra à Alemanha, em 1917. A
participação brasileira, entretanto, limitou-se ao envio de uma missão médica e
ao policiamento do Atlântico pela Marinha.
Com a saída da Rússia, as potências centrais,
Alemanha e Império Austro-Húngaro puderam lançar toda a sua ofensiva à França.
Reagindo a essa ameaça, os Aliados enviaram uma maciça ajuda militar aos
franceses, o que acabou provocando o recuo das tropas alemãs. Os Aliados
ocuparam, então, a França e a Bélgica.
A crise econômica e o avanço das idéias
socialistas na Alemanha geraram várias manifestações, principalmente de
operários. O rei Guilherme II, enfraquecido, abdicou e foi proclamada a
República, em 1918. O novo governo decidiu assinar o asmistício em 11 de
novembro do mesmo ano. A Alemanha foi obrigada a desocupar o território
ocidental europeu, a entregar o material de guerra pesado, a libertar os
prisioneiros e pagar indenizações.
A
Paz está de volta
Após assinatura do armistício, vários chefes
de Estado se reuniram, em janeiro de 1919, na Conferência de Paris, em que não
se admitiu a presença dos países derrotados e da União Soviética. Vários
tratados foram assinados e impostos às nações vencidas.
O mais importante, o Tratado de Versalhes,
obrigava a Alemanha a devolver a Alsácia-Lorena e a entregar as minas de carvão
do Sarre à França, a entregar suas colônias aos países vencidos, a reduzir seu
Exército, a indenizar os Aliados e a ceder uma faixa de terra à Polônia. Essa
faixa, chamada de Corredor Polonês, dava à Polônia um acesso ao mar. A Alemanha
ficou proibida de se armar.
Em abril de 1919, foi firmado um acordo entre
os vencedores para a criação da Sociedade das Nações ou Liga das Nações,
proposta do presidente Wilson, dos Estados Unidos. Esse acordo previa a
cooperação internacional, paz e segurança através do desarmamento. A sede da
Liga era em Genebra.
Mais tarde, os Estados Unidos saíram da Liga
das Nações, pois o Senado norte-americano não quis ratificar o Tratado de
Versalhes.
Os
efeitos da guerra
A Europa perdeu 10 milhões de homens e ficou
com 40 milhões de inválidos. Campos destruídos afetaram a produção agrícola,
portos e estradas arrasados prejudicaram o comércio e as cidades ficaram
arruinadas. Muitas economias conheceram um brutal processo inflacionário, o que
empobreceu o povo europeu.
Os impérios autocráticos desapareceram, e
dinastias da Áustria e da Alemanha caíram. A hegemonia européia foi substituída
pela dos Estados Unidos, que se tornaram primeira nação mundial. Surgiram novos
países: Finlândia, Estônia, Letônia, Polônia, Lituânia, Checoslováquia, Hungria
e Iugoslávia.
Embora tudo indicasse que a paz retornará, o
mundo ainda estava para conhecer uma guerra muito maior. O nacionalismo
exagerado que cresceu na Alemanha e na Itália denunciava a humilhação pela qual
esses países passaram com os tratados de pós-guerra e pedia a vingança. A
Segunda Guerra Mundial provou que a primeira não fora a “guerra para pôr fim a
todas as guerras”.