Ratzel: a Natureza como o Outro de diferentes partes
O texto analítico é uma referência sobre a vida
e a obra de Ratzel e tem como principal objetivo abordar e contextualizar fatos
políticos, científicos e filosóficos do período em que viveu.
As transformações políticas e econômicas
ocorridas na Alemanha durante todo século XIX moldariam uma geração de
pesquisadores e jovens formados em universidades; cuja discussão cientifica,
tecnológica e antropocêntrica, além do papel hegemônico e colonizador dos
europeus estavam em constante debate.
Dessa forma, os fatos históricos apresentados
influenciariam condicionalmente a formação acadêmica, intelectual e política de
Ratzel principalmente acerca do seu empenho e sentimento nacionalista - já que
seu país se originava a mais nova nação europeia.
Uma ciência que já estava metodologicamente
avançada no século XVIII e XIX foi as ciências naturais (biologia), cuja
metodologia e teoria serviram como base para as novas incipientes ciências que
surgiam nas universidades. Dentre algumas teorias que articulavam métodos das
ciências naturais e novas tecnologias foi o positivismo de Auguste Comte.
Todas essas condições contribuíram em vários
aspectos a formação acadêmica de Ratzel que optou em estudar ciências voltadas
da natureza, o que posteriormente influenciariam em sua produção acadêmico -
científica. O interesse pela botânica - fator a ser amplamente considerado
preconizariam os artigos posteriormente escritos durante suas viagens pelo
Continente Americano e Africano.
Durante as viagens feita a outros países acabou
por resultar no interesse pessoal pela geografia e etnologia. Outra questão
determinante teria sido o fato de ter que exercer atividade remunerada como profissional
correspondente do 'Jornal Kolnische'. Defensor dos interesses alemães, sua
atuação como professor universitário contribuiriam em criar as condições
necessárias apropriado à atender os interesses imperialistas de seu país.
Todos esses fatores aparecem claramente em
suas obras. Seu perfil nacionalista, e a profunda influência da biologia de Lamark
o faziam acreditar na superioridade europeia; nesse caso a hegemonia alemã
quando comparado a outros povos.
É evidente em suas obras Antropogeografia e
As Raças Humanas a sua percepção da complexidade humana em decorrência ao
clima, dispersão dos povos, aquisição de territórios e ainda outros elencados
em suas pesquisas.
A tendência em suas obras de expressar que parte
das grandes mudanças são provenientes das condições externas, ou seja, a
interferência do meio ambiente sobre as condições de vida, pode ser
compreendido como um determinismo ambiental, em que a natureza reúne as
condições necessárias para sujeitar os povos em um determinado espaço ao longo
do tempo. Nesse caso as pesquisas da biologia lhe ajudavam a comprovar e
fundamentar metodologicamente seu determinismo pressupondo há natureza se
expressa como o outro, como definiu em suas pesquisas.
Explicitando de forma mais direta, as
definições de Ratzel auferem valores ha natureza lhe outorgando a natureza
plena capacidade de influencias nas ações sociais sobre determinados povos que estudou, ou
seja, os aspectos biológicos do homem decorrem dos fatores em que o ambiente
exercem e o sujeitam temporalmente.
Também devemos considerar em suas viagens e
principalmente sobre o Continente Africano, Ratzel acabou desenvolvendo ideais
do darwinismo social. Dessa forma propagava o papel do europeu como agente
civilizador e benevolente das raças inferiores, conforme o pensamento
predominante do período histórico.
Minha conclusão e crítica refletem sobre o
processo de aculturação dos povos africanos pelos europeus. Toda justificativa
eurocêntrica tinha na verdade outros fins; pois enquanto se utilizavam dos
novos avanços científicos a fim de aprimorar o processo de industrialização,
também produziam teorias que depreciassem de forma etnológica os povos
africanos, portanto, fica muito claro que o objetivo além de científico também
é de explorar recursos minerais e ainda outros interesses que atendessem a
elite econômica (burguesia) de sua época, no Brasil podemos verificar seu
pensamento no livro de Euclides da Cunha " Os Sertões" sobre a
relação do sertanejo com a caatinga.