terça-feira, 21 de agosto de 2012

BRASIL: 1930 - 1932


O que foi a revolução constitucionalista de 1932?

Antes de falar sobre a Revolução Constitucionalista de 1932, é preciso voltar alguns anos na história para buscar os embriões deste que foi um dos maiores movimentos armados da história do Brasil. Durante a República Velha (1889-1930), formou-se uma aliança entre os estados mais ricos e influentes do país na época, São Paulo e Minas Gerais, cujos representantes alternavam-se no posto da presidência da república naquilo que ficou conhecido como a "política do café com leite". Em 1930, porém, o presidente Washington Luís, representante dos paulistas, rompe a aliança com os mineiros e indica o governador de São Paulo Júlio Prestes como seu sucessor, que venceu as eleições. As oligarquias mineiras não aceitam o resultado e, por meio de um golpe de estado articulado com os estados do Rio Grande do Sul e da Paraíba, colocam Getúlio Vargas no poder. 
"Getúlio vem com uma nova proposta de modernização do país. O grupo que chega ao poder pretende promover essas mudanças de maneira autoritária, sem consultas eleitorais", conta Alexandre Hecker, professor de História Contemporânea da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Mackenzie. O novo presidente fecha o Congresso Nacional, anula a Constituição de 1891 e depõe governadores de diversos estados, passando a nomear interventores. As medidas desagradam profundamente as elites paulistas tradicionais. "Esses grupos, que eram ligados ao Partido Republicano Paulista (PRP) e haviam sido derrotados pela revolução de 1930, passam a trabalhar em oposição ao governo de Getúlio", diz Alexandre. Já, a partir de 1931, se junta a essa elite deposta um "grupo mais moderno", que exige do governo a criação de uma carta magna que regesse a legislação do país - algo que Vargas vinha adiando cada vez mais - além de eleições gerais para presidente da república.
Ao mesmo tempo em que se formava esse grupo opositor, fortaleciam-se, em São Paulo, os chamados tenentistas, constituídos não apenas por militares, mas também de civis que agiam sob sua liderança. "Eles se reuniam no Clube Três de Outubro e apoiavam as ações do governo", explica o professor. "Havia diversas brigas de rua entre os estudantes do Largo São Francisco e esse grupo getulista, os tenentistas". No dia 23 de maio, essas forças se encontraram e se defrontaram nas ruas de São Paulo, o que resultou na morte de alguns estudantes em praça pública, que ficaram famosos como MMDC (sigla das iniciais dos quatro jovens mortos: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Mais tarde, adicionou-se a letra A, de Alvarenga, ao final da sigla, de outro jovem que acabou morto por causa do conflito).
Essas mortes foram o estopim que deu início no dia 9 de julho de 1932 à Revolução Constitucionalista. Com a ajuda dos meios de comunicação em massa, o movimento ganha apoio popular e mobiliza 35 mil homens pelo lado dos paulistas, contra 100 mil soldados do governo Vargas. "Havia uma possibilidade de que outros estados viessem em apoio ao governo do estado de São Paulo, mas ele ficou isolado e, com isso, se desenvolveu uma série de batalhas", destaca Alexandre. Foram quase três meses de batalhas sangrentas, encerradas em 2 de outubro daquele mesmo ano, com a derrota militar dos constitucionalistas. "Moralmente, porém, em termos de denúncia política, o movimento foi vencedor, porque logo depois do término do conflito, o governo federal convocou eleições para uma Assembleia Constituinte, que promulgou a Constituição do Brasil em 1934. Foi também quando, pela primeira vez no país, as mulheres participaram do processo eleitoral", ressalta o historiador.
O termo "revolução" para o movimento constitucionalista não é muito adequado àquilo que se propunha fazer, segundo o professor. "Não era uma revolução. Na verdade, desejava-se a normatização da legislação e do processo eleitoral, e não uma mudança no sentido de alteração das relações de poder ou qualquer coisa que significasse uma limitação no processo de desenvolvimento capitalista", afirma. Ele diz que, para alguns historiadores, o movimento é considerado até conservador e anti-revolucionário. "Era uma elite derrotada que queria voltar ao poder e encontraram nesse movimento uma desculpa para isso".




A Revolução de 32 segundo Getúlio Vargas


Para nós, paulistas, o conhecimento dos fatos históricos que antecederam o movimento constitucionalista de 32 se limitam praticamente aos acontecimentos de natureza cívico- militar ocorridos em solo paulista sendo pouco conhecidas as negociações de cunho político que ocorriam diretamente no Catete, sede do Governo Provisório chefiado por Getúlio Vargas, no sentido de se levar em banho- maria as aspirações de São Paulo até que uma nova assembleia nacional constituinte fosse eleita. 

Como se sabe, consumada a Revolução de 30, a Junta Militar que assumiu o Governo federal após a deposição de Washington Luiz convidou Getúlio Vargas a assumir a presidência da república de um Governo Provisório. De acordo com o Decreto 11398 de 11 de novembro de 1930 investiu-se de poderes ditatoriais que declarava dissolvido o Congresso Nacional, assim como todos os órgãos legislativos estaduais e municipais. No lugar dos governadores seriam nomeados para cada estado interventores federais. Conforme combinado com a junta governativa Getúlio assume o Governo em 3 de novembro daquele ano. 

Getúlio Vargas durante um período de sua vida entre 1930 e 1942, praticamente coincidente com sua permanência no Poder tinha por hábito anotar em caderninhos o dia a dia de suas atividades, às vezes com riqueza de detalhes, incluindo comentários acerca dos encontros realizados em sua extensa agenda política, preocupações sobre intrigas e boatos que proliferavam naquela época, além de suas próprias meditações - um verdadeiro diário pessoal. Estes manuscritos foram reunidos e editados pelo Centro de Pesquisas e Documentação de História Contemporânea – CPDOC da Fundação Getúlio Vargas sob a coordenação de Celina Vargas do Amaral Peixoto, sua neta. 

A partir da leitura deste Diário publicado pela Editora Siciliano em 1995 procurei “pinçar” do texto os fatos que julguei importantes reportados pelo próprio Getúlio pelos acontecimentos de São Paulo ocorridos ao longo de um período de um ano e meio anterior à eclosão da revolução constitucionalista iniciado em 9 de julho de 1932. 

Deve ser salientado que naqueles tempos as noticias, incluindo àquelas chegadas ao Palácio, eram transmitidas apenas por cartas, telegramas, rádio e depoimentos pessoais de mensageiros, ministros, assessores e militares chegados de viagem usualmente por ferrovia. O radio e os telefones a longas distâncias ainda funcionavam precariamente à época. Para se ter uma ideia disso, a informação da revolta paulista só chegou aos ouvidos de um Getúlio surpreso no dia 10 de julho. 

Desde sua posse, Getúlio já manifestava uma grande preocupação pelos acontecimentos de São Paulo nomeando João Alberto interventor em substituição a Plinio Barreto que chefiou interinamente o estado de 6 a 25 de novembro de 1930 sucedendo a José Maria Whitaker nomeado pela junta Militar que depôs Washington Luiz. Com a posse de João Alberto aumentou a disputa pelo espólio do antigo Partido Republicano Paulista disputado pelo Partido Democrático e a Legião Revolucionária fundada por Miguel Costa logo depois da Revolução de 30 com o objetivo de agrupar o setor tenentista e popular no estado e dar sustentação ao interventor João Alberto que, desde o primeiro momento, sofreu forte oposição da elite paulista. 

João Alberto tinha o apoio de Miguel Costa, fundador da Legião Revolucionária, sendo nomeado, então, comandante da Força Pública paulista e secretário de Segurança do Estado. Para o comando da 2ª Região Militar foi designado o General Isidoro Dias Lopes, revolucionário de 22, sendo no entanto substituído pelo General Gois Monteiro ainda em 1931 por desavenças com Vargas. 

João Alberto permaneceu no cargo até ser substituído pelo magistrado paulista Laudo Ferreira de Camargo em 25 de julho de 1931 após terem sido frustradas as tentativas em torno do nome do ex - interventor Plinio Barreto, afinal preterido em função da imensa oposição a seu nome por vários grupos políticos. Com a queda de João Alberto Miguel Costa foi afastado da Secretaria de Segurança, mas manteve-se no comando da Força Pública. 

Com a renúncia de Laudo de Camargo, Getúlio nomeia em 13 de novembro de 1931 o coronel Manuel Rabelo que já havia sido cogitado anteriormente como interventor interino desconsiderando a recomendação de João Alberto que queria nomear para o cargo Souza Dantas, seu antigo secretário da Fazenda. Este fato contribuiu para a crise com as elites políticas paulistas que se opunham ao controle do estado pelo tenentismo representado por Manuel Rabelo. Isto redundou no rompimento do Partido Democrático com o Governo Provisório em janeiro de 1932. 

Manuel Rabelo deixa a interventoria em 7 de março de 1932 sendo substituído por Pedro de Toledo, um civil paulista porém não ligado aos elementos que hostilizavam a Revolução. Este nome foi sugerido a Getúlio por Flores da Cunha e Mauricio Cardoso, ministro da Justiça de Getúlio. 
Pedro de Toledo mantem intensas negociações políticas tentando organizar seu secretariado com nomes do Partido Republicano Paulista e do Partido Democrático com o aval de Getúlio. Mas a situação de São Paulo se agrava com a imposição de um novo secretariado pela Frente Única Paulista. Miguel Costa é demitido do Comando da Força Pública pelo Secretário da Justiça. O coronel Rabelo, enviado por Getúlio à São Paulo, assume o comando da 2ª Região Militar e logo envia um emissário ao Catete manifestando sua desconfiança com relação ao novo governo paulista. 

No dia 9 de julho de 1932, o Interventor Pedro de Toledo, já aclamado Governador Civil da Revolução após o episódio de 23 de maio, telegrafava ao ditador Getúlio Vargas: "Esgotados os meios que ao meu alcance estiveram para evitar o movimento que acaba de se verificar na guarnição desta Região ao qual aderiu o povo paulista, não me foi possível caminhar ao revés dos sentimentos do meu povo". Começava a Revolução Constitucionalista quando tropas da 2ª Região Militar e da Força Pública de São Paulo, comandadas por Isidoro Dias Lopes e Euclides Figueiredo levantaram-se contra o Governo Provisório. 

Para uma melhor compreensão dos episódios que precederam a revolução dos paulistas, sob a ótica do Governo Provisório, apresentam-se a seguir trechos selecionados do Diário escritos no período de 21 de janeiro de 1931 à 13 de julho de 1932 pelo próprio Getúlio Vargas: 

DIÁRIO DE GETULIO VARGAS 
1931 
JANEIRO 
21 A 24 
VISITA DE MORATO INSISTINDO NA SAIDA DE JOÃO ALBERTO DO GOVERNO DE SÃO PAULO 
29 
COMPARECE O INTERVENTOR JOÃO ALBERTO, OSVALDO ARANHA E JUAREZ TÁVORA 
30 
RECEBO O MINISTRO DA FAZENDA E O INTERVENTOR DE SÃO PAULO COM QUEM TRATAMOS DE SOCORRER AS FINANÇAS PAULISTAS, DA ELABORAÇÃO DE UMA LEI SOBRE A COMPRA DOS STOKS DE CAFÉ E DA COBRANÇA EM ESPÉCIE SOBRE AS NOVAS SAFRAS. 
FEVEREIRO 
PELA MANHÃ RECRUDESCENCIA DA CRISE ITALIANA EM SÃO PAULO 
5 A 15 
SOLUÇÃO DA QUESTÃO DO CAFÉ PELA COMPRA DOS STOKS 
16 E 17 
JOÃO ALBERTO VEM DE SÃO PAULO. QUER AFASTAR ISIDORO DO COMANDO DA REGIÃO E COLOCÁ-LO COMO MINISTRO DA GUERRA. MANOBRAS NESTE SENTIDO, OFENSIVA CONTRA LEITE DE CASTRO FEITA POR JOÃO ALBERTO ATRAVÉS DE GOIS MONTEIRO, ENTREVISTA DE MENDONÇA LIMA, AVISO DE QUE ESTE FORA TENTAR A GUARNIÇÃO DO PARANÁ. RESISTO À INVESTIDA. 
18 A 21 
CONTINUAÇÃO DOS BOATOS ACERCA DA ENTREVISTA DE MENDONÇA LIMA. NO PARANÁ , TENTATIVA DE MUDANÇA DO MINISTRO DA GUERRA- SUBSTITUIÇÃO DE LEITE DE CASTRO POR ISIDORO LOPES. ARANHA DIZ QUE ESTE CONSPIRAVA SER DITADOR EM CUMPLICIDADE COM A GUARNIÇÃO DE SÃO PAULO E O PARTIDO DEMOCRÁTICO. O MAJOR MENDONÇA LIMA JUSTIFICA-SE E ACUSA O GENERAL ISIDORO. 
27 
REUNIu-SE AQUI O CORONEL JOÃO ALBERTO, INTERVENTOR DE SÃO PAULO,COM O SEU SECRETÁRIO DE FAZENDA, DR SOUZA DANTAS, E O MINISTRO DA FAZENDA, DR WHITAKER. TIVEMOS LONGA COMFERENCIA EXAMINANDO AS DIVERSAS MEDIDAS NECESSÁRIAS PARA EVITAR A QUEDA DO CAFÉ E A DO CAMBIO. 
MARÇO 
20 A 28 
O INTERVENTOR DE SÃO PAULO VEM PLEITEAR A CONTINUAÇÃO DE SE INTERVIR NO MERCADO DE CAFÉ A FIM DE EVITAR MAIOR BAIXA DESTE PRODUTO. QUESTÃO DE LIMITES ENTRE MINAS E SÃO PAULO. 
MARÇO 
28 
REGRESSO DE LUZARDO QUE APARECE ACOMPANHADO DE VIRGILIO MELO FRANCO. ESTE SEGUE PARA SÃO PAULO, COMO EMISSARIO, PARA ACOMODAR OS DESAVINDOS E TRAZER-ME INFORMAÇÕES. 
ABRIL 
4 A 9 
ESBOÇAM-SE.OU ANTES, AGRAVAM-SE AS CRISES DE SÃO PAULO, RIO DE JANEIRO E A DE BERNARDES EM MINAS. EM SÃO PAULO OS DEMOCRÁTICOS ROMPEM COM O INTERVENTOR. ESTE E MIGUEL COSTA CONFERENCIAM COM O MINISTRO DA JUSTIÇA. RECEBO A VISITA DO GENERAL ISIDORO. 
10 
ALMOÇAM COMIGO OS GENERAIS ISISIDORO E LUZARDO. COM ELES ASSENTO A IDA DO PRIMEIRO PARA O ESTADO DO RIO E DO SEGUNDO PARA SÃO PAULO, COMO INTERVENTORES. 
11 
RECEBI A VISITA DE VIRGILIO MELO FRANCO COM UMA CARTA DE OSVALDO. VINHA DIZER-ME QUE O CONVITE FEITO A ISIDORO E LUZARDO NÃO TIVERAM DA PARTE DELES O NECESSÁRIO SIGILO, TORNARA-SE PUBLICO. AS DECLARAÇÕES DE MORATO DAVAM A COMPREENDER UM ENTENDIMENTO PREVIO ENTRE LIBERTADORES E DEMOCRATICOS. 
O CASO TOMAVA O ASPECTO DE UMA IMPOSIÇÃO POLÍTICA IRRITANDO OS MILITARES REVOLUCIONARIOS CONTRA A DECISÃO E CONTRA LUZARDO. TRAZIA-ME UMA CARTA DO MINISTRO DA JUSTIÇA: A SOLUÇÃO NÃO SERVIA. 
SOUBE AINDA QUE JOÃO ALBERTO E MIGUEL COSTA AINDA NÃO HAVIAM SIDO CHAMADOS PELO MINISTRO DA JUSTIÇA QUE NÃO HAVIA RECEBIDO MEU RECADO NESTE SENTIDO. 
RESPONDI QUE A SOLUÇÃO AINDA NÃO ERA DEFINITIVA, FORA CONSULTADO UM DOS ASPECTOS DA QUESTÃO. FALTAVA OUVIR A OUTRA PARTE E MANDEI CHAMAR O JOÃO ALBERTO. 
14 E 15 
JOÃO ALBERTO VEIO FALAR-ME. EXPLICOU A STUAÇÃO FICANDO RESOLVIDA SUA PERMANENCIA NO CARGO 
PEDI A EIRAS QUE FOSSE A SÃO PAULO FALAR COM ISIDORO, COMUNICAR-LHE A RESOLUÇÃO TOMADA QUANTO A SÃO PAULO E AO ESTADO DO RIO. 
16 
COM O MINISTRO DA JUSTIÇA, VIRGILIO DE MELO FRANCO E JULIO DE MESQUITA TRATAMOS DO CASO DE SÃO PAULO. 
27 A 29 
O EMBAIXADOR MACEDO SOARES FEZ ONTEM EM SÃO PAULO UM DISCURSO INCOVENIENTE SOBRE A POLÍTICA DO ESTADO DIZENDO-SE AUTORIZADO POR MIM. 
A VERDADE ERA QUE EU APENAS O AUTORIZARAA FALAR AOS SEUS AMIGOS TRANQUILIZANDO-OS QUANTO A BOA VONTADE DO GOVERNO EM SOLUCIONAR OPORTUNAMENTE O CASO PAULISTA. 
ELE FEZ DECLARAÇÕES INCONVENIENTES E ABUSIVAS. O MINISTRO DA JUSTIÇA COMUNICOU-ME PELO TELEFONE E DESAUTORIZOU O EMBAIXADOR PELOS JORNAIS. GRANDE EXALTAÇÃO EM SÃO PAULO, MOTIM NA FORÇA PUBLICA, REPRESSÃO IMEDIATA. RECEBO O TELEFONE DE MACEDO SOARES CONTESTANDO O MINISTRO DA JUSTIÇA E ME COMUNICANDO. RESOLVO DESAUTORA-LO E EXONERAR DO CARGO. 
30 
O DISCURSO DE MACEDO SOARES EM SÃO PAULO PROVOCOU EXALTAÇÃO DE ESPIRITOS, UMA TENTATIVA DE REBELIÃO NA FORÇA PUBLICA DE SÃO PAULO LOGO DOMINADA.. DESSAUTORIZO AS DECLARAÇÕES DE MACEDO SOARES QUE SOLICITA DEMISSÃO. 
UM OFICIAL ENCARREGADO DO INQUÉRITOSOBRE A SUBLEVAÇÃO DE SÃO PAULO TRAZ O INFORME DE QUE O COMANDANTE DA FORÇA PUBLICA ACUSOU O GENERAL ISIDORO COMO INSTIGADOR, PEDINDO A NOMEAÇÃO DE UM OFICIAL DE POSTO CORRESPONDENTE AO DAQUELE GENERAL PARA PRESIDIR O INQUERITO. 
MAIO 
A TARDE RECEBO O GENERAL FRAGOSO A QUEM CONVIDO PARA PRESIDIR O INQUERITOSOBRE A REBELDIA DA POLICIA DE SÃO PAULO. 
6 A 8 
FORAM DIAS PENOSOS E CHEIOS DE CONFUSÃO. SÃO PAULO CONTINUA SER UM PONTO DE INQUETAÇÃOE AMEAÇAS. ISIDORO CHAMADO NÃO VEIO ALEGANDO DOENÇAS. 
19 A 25 
AGITAÇÃO EM SÃO PAULO EM TORNO DO GENERAL ISIDORO. VINDA DESTE AO RIO. 
JUNHO 
7 A 11 
RETIREI O GENERAL ISIDORO DE SÃO PAULO. RETIRA O PEDIDO DE DEMISSÃO E ACEITA A INSPETORIA DAS REGIÕES. 
12 A 16 
ACALMAM-SE OS RESSENTIMENTOS DO GENERAL ISIDORO COM O OFERECIMENTO DE SUA NOMEAÇÃO. 
30 DE JUNHO A 7 DE JULHO 
SÃO PAULO CONTINUA INQUIETANDO. 
7 A 14 
JOÃO ALBERTO COMUNICA SUA RESOLUÇÃO DE DEIXAR A INTERVENTORIA DE SÃO PAULO. PROCURO UM SUBSTITUTO, ENVIO WHITAKER A SÃO PAULO, DOU INCUBENCIAS A JOÃO ALBERTO, OUÇO OS DEMOCRÁTICOS ETC. PROMETO AGUARDAR CARTA DE JOÃO ALBERTO. 
15 A 18 
RECEBO A CARTA DE JOÃO ALBERTO COMUNICANDO A ACEITAÇÃO DE PLINIO, A AQUIESCENCIA DE GOIS, MIGUEL COSTA, EXÉRCITO E POLICIA.INDICADOS TAMBEM O NOME DOS SECRETÁRIOS. CHEGA PLINIO BARRETO COM QUEM ME ENTENDO, CONFIRMANDO O CONVITE E ACEITANDO AS PESSOAS INDICADAS PARA SECRETÁRIOS. 
LEVANTAM-SE PROTESTOS AQUI E EM SÃO PAULO CONTRA A CANDIDATURA DE PLINIO EXUMANDO-SE UM ARTIGO DESTE ATACANDO OS OFICIAIS REVOLTOSOS DO COPACABANA. ESCCREVE- ME DEPOIS O CHEFE DE POLÍCIA DO ESTADO QUE PONDERA QUE O NOME DE PLINIO NÃO SATISFAZ AOS INTERESSES DA TRANQUILIDADE DE SÃO PAULO. 
CHEGA O GENERAL GOIS TRAZENDO CARTA DE MIGUEL COSTA PROPONDO ESCOLHER OUTRO INTERVENTORQUE SE ORGANIZE O GOVERNO COM SECRETÁRIOS REPRESENTANDO OS DIFERENTES GRUPOS POLÍTICOS.REDUZO ADALBERTO CORREIA QUE SE MANIFESTARA CONTRA PLINIO. 
O CASO DE SÃO PAULO COMPLICA-SE. CONVERSEI COM GOIS MONTEIRO, MIGUEL COSTA, FLORIVALDO LINHARES E VERNEY. TODOS AFIRMAM QUE SERÁ EMPOSSADO PLINIO BARRETO SE O GOVERNO DETERMINAR, MAS QUE ESTE NOME NÃO SATISFARÁ SÃO PAULO COMO SOLUÇÃO TRANQUILIZADORA PELA OPOSIÇÃO DE VARIOS GRUPOS POLÍTICOS, PORQUE SE TORNOU CANDITATURA DE FACÇÕES 
MANIFESTAÇÕES, CONFLITOS E GREVES EM SÃO PAULO. PLINIO BARRETO ESCREVE A JOÃO ALBERTO DESISTINDO DA CANDIDATURA . 
18 a24 
CONTINUA EMDISCUSSÃO O CASO DE SÃO PAULO. Resolvo enviar Osvaldo Aranha a São Paulo em companhia de Gois Monteiro para assegurar a posse de Plinio e no caso deste desistir, escolher outro nome que seja uma garantia de tranquilidade para o Estado. Foi escolhido Lauro de Camargo magistrado estadual. Grande satisfação no estado e fora dele, impressão geral de prestigio do governo. Antes da decisão, vários próceres da revolução reunidos com o ministro da guerra fizeram reafirmação de apoio ao governo a fim de que pudesse agir com mais segurança. Recebo muitos comprimentos pela solução do caso de São Paulo. 
25 a 7 de agosto 
Os principais acontecimentos foram crise política em São Paulo provocada pelas nomeações feitas pelo interventor; divergências dos generais Miguel Costa e Gois Monteiro com o interventor; conspiração do general Isidoro auxiliados pelos coronéis Teopombo, Meira e Figueiredo; intervenção de Assis Brasil a favor de Isidoro. 
31 DE AGOSTO A 6 DE SETEMBRO 
O MINISTRO DA FAZENDA SEGUIU PARA SÃO PAULO. DEVE TRAZER O NOME DO FUTURO PRESIDENTE DO BANCO DO BRASIL. 
9 A 14 
TOMA POSSE O SR ALMEIDA PRADO, NOVO PRESIDENTE DO BANCO DO BRASIL. 
21 
MIGUEL COSTA INSTALA O CONGRESSO DA LEGIÃO REVOLUCIONÁRIA DE SÃO PAULO. PROVAVEL DE SÃO PAULO E MINAS, APREENSÃO DO GENERAL GOIS MONTEIRO 
22 A 29 
CONTINUAM OS INFORMES SOBRE OS ENTENDIMENTOS DOS LEGINARIOS DE MINAS E DE SÃO PAULO COM AS RESPECTIVAS POLICIAS PARA FORMAR UMA ORGANIZAÇÃO HOSTIL AO GOVERNO. VINDA DO SECRETARIO DO INTERIOR DE SÃO PAULO E DO GENERAL GOIS MONTEIRO, PALESTRAM COM O GENERAL LEITE DE CASTRO PARA QUE SEJAM TOMADAS PROVIDENCIAS REFORÇANDO O EXERCITO NOS DOIS ESTADOS. 
MOVIMENTO DOS AGRICULTORES DE CAFÉ EM SÃO PAULO CONTRA O MINISTRO DA FAZENDA POR CAUSA DO DECRETO SOBRE A FISCALIZAÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DO CAFÉ. 
OUTUBRO 
2 A 6 
SÃO PAULO COMPLICA-SE. O INTERVENTOR AMEAÇA RENUNCIAR AO CARGO SE PERMANECER MIGUEL COSTA NO COMANDO DA FORÇA PUBLICA. O GENERAL GOIS ACHA-SE AQUI HÁ VARIOS DIAS AGUARDANDO REFORÇOS DE HOMENS E MATERIAL EM VIRTUDE DA INFERIORIDADE DO EXERCITO NAQUELE ESTADO RELATIVAMENTE À POLICIA. O CORONEL RABELO, COMANDANTE INTERINO DA REGIÃO, FALA POR TELEFONE DIRETAMENTE AO GUANABARA PEDINDO REFORÇOS E DIZENDO QUE A SITUAÇÃO É GRAVE E EMINENTE A RENUNCIA DO INTERVENTOR SEM FORÇAS PARA MANTER-SE NO GOVERNO. A FIM DE EVITAR ALARME COM A REMESSA DE FORÇAS PREFIRO CHAMAR AQUI MIGUEL COSTA E FALAR-LHE CLARO. 
7 A 11 
CHEGO A UM ACORDO COM MIGUEL COSTA QUE PROMETE DEIXAR O COMANDO DA FORÇA PUBLICA PAULISTA. 
15 A 18 
FICA RESOLVIDO O CASO SURGIDO EM SÃO PAULO. ACOMODAM-SE AS DIVERGENCIAS ENTRE O MINISTRO DA FAZENDA E OUTROS QUE FIZERAM CONTRA ELE UMA OFENSIVA ORÇAMENTARIA. 
30 E 31 
AS COISAS EM SÃO PAULO COMPLICAM-SE. AGITAÇÃO DOS AGRICULTORES DE SÃO PAULO CONTRA O MINISTRO DA FAZENDA. CONVERSO COM O CAPITÃO JOÃO ALBERTO QUE SEGUE PARA SÃO PAULO A FIM DE ENCONTRAR UMA SOLUÇÃO PARA O CASO. 
NOVEMBRO 
1 A 8 
ASSENTADA A DISPENSA DO SECRETARIO DA FAZENDA DE SÃO PAULO. 
9 A 12 
JOÃO ALBERTO COMPLICA O CASO DE SÃO PAULO PEITEANDO A SAIDA DE TODO O GOVERNO QUANDO DEVIA SER APENAS DO SECRETARIO DA FAZENDA. 
13 A 15 
JOÃO ALBERTO APROVEITA PARA COLOCAR NO GOVERNO SEUS ANTIGOS SECRETARIOS E VEM PLEITEAR A NOMEAÇÃO DO SR SOUZA DANTAS PARA INTERVENTOR. RECUSO ESTE NOME, PREFIRO MANTER O CORONEL RABELO QUE JÁ HAVIA DESIGNADO PARA INTERVENTOR INTERINO E DIGO A JOAO ALBERTO QUE REGRESSA A SÃO PAULO, QUE VENHA COM O CORONEL RABELO. 
15 A 19 
VEM DE SÃO PAULO JOÃO ALBERTO, MIGUEL COSTA E RABELO. RECEBO-OS JUNTAMENTE COM GOIS. O PROBLEMA É COMPLEXO. HÁ RESTRIÇÕES SOBRE A NOMEAÇÃO DO CORONEL RABELO QUE TODOS O ELOGIAM POR SER MILITAR. SEMPRE, POREM, QUE HÁ UMA DISCUSSÃO SOBRE UM NOME CIVIL SURGEM AS DIVERGENCIAS , PORQUE QUEREM UM CIVIL DA SUA GREI, QUE FAÇA A POLÍTICA DA LEGIÃO- PELO MENOS É O QUE DECLARA MIGUEL COSTA. RESOLVO DEIXAR O CORONEL RABELO PARA GANHAR TEMPO E EXAMINAR MELHOR O TABULEIRO. 
1932 
JANEIRO 
2 a 6 
DEMOCRATAS DE SP AMEAÇAM ABRIR LUTA CONTRA RABELO 
6 A 10 
OFENSIVA PAULISTA PARA SUBSTITUIÇÃO DO INTERVENTOR. O GENERAL GOIS PEDE DEMISSAO DE COMANDANTE DA 2ª REGIAO DE SÃO PAULO 
11 A 16 
PAULO DE MORAIS BARROS EM NOME DO PARTIDO DEMOCRATICO VEM FALAR-ME SOBRE A SUBSTITUIÇÃO DO INTERVENTOR RABELO . COMBINO COM ELE, QUE REGRESSANDO A SÃO PAULO INTERPELE O GENERAL MIGUEL COSTA E, SE ESTE RECUSAR O ENTENDIMENTO, ESCREVA-ME COMUNICANDO INDICANDO-ME ALGUNS NOMES QUE OS DEMOCRÁTICOS JULGUEM EM CONDIÇÕES. 
ELE REGRESSA A SÃO PAULO NADA ME COMUNICA E O DIRETORIO DEMOCRÁTICO PUBLICA UM MANIFESTO ROMPENDO COMIGO. ESTE ROMPIMENTO ATÉ AGORA NÃO TEVE REPERCUSSÃO APRECIÁVEL. 
18 A 22 
O CORREIO DA MANHÃ NOTICIOU QUE EU RECEBERA UMA CARTA DO GENERAL MIGUEL COSTA ENVIANDO UMA LISTA DE NOMESPARA INTERVENTOR DE SÃO PAULO. DESTA CARTA SÓ TINHA CONHECIMENTO O OSVALDO. 
23 A 28 
NO DIA 25 HOUVE NA CAPITAL DE SÃO PAULO ALGUMAS ARRUAÇAS COM DEMONSTRAÇÕES SEPARATISTAS E ATAQUES AO CENTRO GAUCHO 
FEVEREIRO 
1 E 2 
O DIRETORIO LIBERTADOR MANIFESTA SUA SOLIDARIEDADE AOS DEMOCRATICOS DE SÃO PAULO. NO DESPACHO COM O MINISTRO DA JUSTIÇA, TENHO COM ELE UMA LONGA TROCA DE IMPRESSÕES SOBRE O CASO PAULISTA QUE ELE JULGA URGENTE RESOLVER. 
PARTE DESTA PALESTRA FOI ASSISTIDA POR FLORES DA CUNHA. TAMBEM OSVALDO ESCREVE-ME DUAS CARTAS DANDO SUA IMPRESSÃO E INSTANDO PARAUMA SOLUÇÃO PARA O CASO DE SÃO PAULO. OS JORNAIS DEPOIS NOTICIARAM ESTAS CARTAS MAS NÃO FUI EU QUEM AS REVELOU. 
3 A 10 

ESCREVI AO RAUL PILLA RESPONDENDO A SUA CARTA E NARRANDO O CASO DE SÃO PAULO COMO ESTRANHANDO A ATITUDE DO DIRETORIO LIBERTADOR. 
14 A 17 
AGRAVA-SE A QUESTÃO PAULISTA COM A UNIÃO DOS DEMOCRÁTICOS E PERREPISTAS EM FRENTE ÚNICA. ACHAM-SE AQUI OS GENERAIS GOIS E MIGUEL COSTA TODOS BEM INTENCIONADOS PARA A SOLUÇÃO DO CASO. 
18 A 31 
FAÇO SEGUIR PARA SÃO PAULO O MINISTRO DA JUSTIÇA ACOMPANHADO DO GENERAL MIGUEL COSTA PARA EXAMINAREM IN LOCO O CASO PAULISTA TRAZENDO-ME O NOME DO INTERVENTOR. ESTE NÃO PODE PERTENCER AOS ELEMENTOS QUE HOSTILIZAM O GOVERNO. DEVE SER UM CIVIL PAULISTA MAS QUE INSPIRE CONFIANÇA À REVOLUÇÃO. 
22 A 23 
OUÇO O MINISTRO DA JUSTIÇA APÓS SEU REGRESSOA SÃO PAULO E RESOLVO CHAMA, POR INTERMEDIO DO GENERAL MIGUEL COSTA, O PROFESSOR ULPIANO SEM COMPROMISSO PARA OUVIR. 
A NOITE NO GUANABARA, FLORES LEMBROU EXPONTANEAMENTE DO EX MINISTRO PEDRO DE TOLEDO PARA INTERVENTOR EM SÃO PAULO. CHAMEI DEPOIS O MINISTRO DA JUSTIÇA QUE ME CONTOU QUE HAVIA ESTADO EM CONFERENCIA COM PEDRO DE TOLEDO DO QUAL TRAZIA EXCELENTE IMPRESSÃO. A DUPLA SUGESTÃO FORA SIMPLES COINCIDENCIA. NÃO HAVIAM CONVERSADO A RESPEITO, MAURICIO E FLORES. 
24 A 29 
CHAMEI O CORONEL RABELO COMUNICANDO-LHE A ESCOLHA DO DR PEDRO DE TOLEDOPARA INTERVENTOR EM SÃO PAULO. ELE REGRESSA PRONTO A DAR POSSE AO SUCESSOR 
SIGO PARA PETRÓPOLIS. VEJO NOS JORNAIS OS PROTESTOS DOS CHAMADOS ELEMENTOS REVOLUCINÁRIOS DE SÃO PAULO CONTRA A NOMEAÇÃODO EMBAIXADOR PEDRO DE TOLEDO PARA INTERVENTOR. 
O GENERAL MIGUEL COSTA AINDA NÃO RECEBEU MINHA CARTA PARTICIPANDO-LHE QUE O GOVERNO NÃO PODE MAIS VOLTAR ATRAZ DE SUA ATITUDE QUE CUMPRE SER ACATADA. 
MARÇO 
1 A 3 
NOMEEI O INTERVENTOR DE SÃO PAULO 
16 E 17 
DIVERGENCIA ENTRE OS GENERAIS GOIS MONTEIRO E MIGUEL COSTA EM SÃO PAULO 
ABRIL 
6 A 11 
REFORMEI O GENERAL ISIDORO E NOMEEII O CHEFE DE POLICIA, CAPITÃO JOÃO ALBERTO
12 A 14 
REGRESSO AO RIO. RECEBO DO RIO GRANDE E DE SÃO PAULO NOTICIAS DE QUE SE TRAMA UMA CONSPIRAÇÃO PARA DEPOR O GOVERNO. 
17 
A NOITE NO GUANABARA RECEBO A VISITA DE VIRGILIO MELO FRANCO QUE ME TRAZ A NOTICIA POUCO AGRADAVEL DE QUE A COMISSÃO CENTRAL MINEIRA ESTÁ FAZENDO PONDERAÇÕES SOBRE A NECESSIDADE DE UM ENTENDIMENTO DO GOVERNO FEDERAL COM SÃO PAULO E RIO GRANDE DO SUL E NÃO FALANDO NA INDICAÇÃO. 
18 A 22 
ANTONIO CARLOS PROPÕE UM PLANO PARA DESTACAR 3 EMISSARIOS- BERNARDES PARA O RIO GRANDE DO SUL, VENCESLAU PARA SÃO PAULO E VIRGILIO COM O 3 DE OUTUBRO PARA PROMOVEREM UM ENTENDIMENTO NO SENTIDO DE APOIAR O GOVERNO MEDIANTE A ADOÇÃO DE CERTAS MEDIDAS: 
REVIGORAMENTO DA CONSTITUIÇÃO FERDERAL, MENOS QUANTO AO PODER LEGISLATIVO, CRIAÇÃO DE UM CONSELHO CONSULTIVO FEDERAL E CONSTITUCIONALIZAÇÃO, OU ANTES, RECONSTRUÇÃO DA NOVA ORDEM LEGAL MEDIANTE FASES SUCESSIVAS ATÉ 30 MESES. ACEITEI EM PRINCIPIO... 
23 A 26 
REUNO A NOITE NO GUANABARA OS MINISTROS DA GUERRA, MARINHA, FAZENDA, O GENERAL GOIS, O CORONEL RABELO, O MAJOR JUAREZ E O CAPITÃO JÕAO ALBERTO. 
PERANTE A ASSISTENCIA O GENERAL GOIS EXPÕE SUA ATUAÇÃO EM SÃO PAULO E JUSTIFICA SUA CONDUTA. APROVADA QUANTO AS INTENÇÕES RESOLVE-SE TIRAR AS NECESSARIAS CONSEQUENCIAS. SERÃO DADAS AO PAIZ SOLUÇÕES DE ORDEM GERALSOBRE A CONSTITUCIONALIZAÇÃO QUE SATISFARÃO OS PONTOS DOUTRINARIOS E QUANTO AO CASO ESPECIAL DE SÃO PAULO DOU LIBERDADE AO INTERVENTOR PARA RECOMPOR SEU GOVERNO SEM RECONHECIMENTO OFICIAL DA FRENTE ÚNICA. 
MAIO 
1 A 3 
ONTEM A NOITE, PROCURARAM-ME O MINISTRO DA GUERRA E O CORONEL RABELO PARA COMUNICAR-ME A ATITUDE DE APREENSÃO DOS REVOLUCIONÁRIOS COM AO TELEGRAMA DO INTERVENTOR DE SÃO PAULO PASSADO AO DR ALTINO ARANTES. 
4 A 7 
SURGEM GREVES EM SÃO PAULO DE NUMEROSAS CLASSES DE OPERÁRIOS E , NESTA CAPITAL, DOS EMPREGADOS DA LIGHT. ESTA FOI DOMINADA NO MESMO DIA RESTABELECENDO-SE O TRÁFEGO. 
O INTERVENTOR PEDRO DE TOLEDO CONTINUA EM NEGOCIAÇÕES POLÍTICAS PARA A REORGANIZAÇÃO DO GOVERNO. O SECRETÁRIO DA FAZENDA E O GENERAL MIGUEL COSTA MOSTRAM-SE DESGOSTOSOS COM A MARCHA DOS ACONTECIMENTOS. 
8 A 13 
TERMINADA A TENTATIVA DE GREVE NESTA CAPITAL . CONTINUA A GREVE EM SÃO PAULO. 
14 
RECEBO TELEGRAMA DO INTERVENTOR DE SÃO PAULO TRANSMITINDO DOIS GRUPOS DE NOMES DO PARTIDO REPUBLICANO PAULISTA E DO PARTIDO DEMOCRÁTICO PARA A RECOMPOSIÇÃO DE SEU SECRETARIADO. 
14 A 18 
CONTINUAM AS DEMARCHES PARA A SOLUÇÃO DO CASO PAULISTSA. NÃO RECONHEÇO NEM TRATO COM A FRENTE QUE, JUNTAMENTE COM A DO RIO GRANDE, CONSPIRAVA CONTRA O GOVERNO. RESOLVI ENVIAR O OSVALDO ATÉ LÁ DEPOIS QUE RECEBI A VISITA DO MARREY JUNIOR E ANTONIO FELICIANO. 
19 A 22 
OSVALDO SEGUIU PARA SÃO PAULO LEVANDO INSTRUÇÕES PARA RESOLVER O CASO. TELEGRAFA-ME ALARMADO COM A EXALTAÇÃO POPULAR, PREPARATIVOS DE REVOLUÇÃO E ANARQUIA MILITAR. RESPONDO-LHE REAFIRMANDO AS INSTRUÇÕES E TOMO PROVIDENCIAS SOBRE A MANUTENÇÃO DA ORDEM. 
23 
A SITUAÇÃO DE SÃO PAULO SE AGRAVA. GRANDE EXALTAÇÃO POPULAR PERCORRE AS RUAS. ATACAM JORNAIS, A SEDE DA LEGIÃO, PROVOCAM CONFLITOS- E A FRENTE ÚNICA IMPOS UM NOVO SECRETARIADO.ASSUMIU O SECRETÁRIO DA JUSTIÇA QUE DEMITIU MIGUEL COSTA. 
NOMEEI O CORONEL RABELO PARA ASSUMIR O COMANDO DA REGIÃO E SEGUIR COM INSTRUÇÕES PARA RESTABELECER A ORDEM 
O GENERAL GOIS MONTEIRO SERÁ INVESTIDO NO COMANDO DA REGIÃO EM SUBSTITUIÇÃO AO GENERAL JÕAO GOMES QUE PEDIU DEMISSÃO. FICOU TAMBÉM RESOLVIDO QUE SE ENVIASSSEM TROPAS A SÃO PAULO. 
TUDO FICOU RESOLVIDO A NOITE COM O COMPARECIMENTO AO GUANABARA DOS MINISTROS DA GUERRA, MARINHA,, GENERAL GOIS, CORONEL RABELO, MAJOR TAVORA , DR PEDRO ERNESTO E O CAPITÃO JOÃO ALBERTO. 
24 
RECEBO COMUNICAÇÃO DO CORONEL AVILA LINS SOBRE A VINDA DE CORPOS DO INTERIOR DO ESTADO PARA MANTER A ORDEM E COMUNICAÇÃO DO INTERVENTOR SOBRE A NOMEAÇÃO DOS NOVOS SECRETÁRIOS. TELEGRAFO A FLORES DA CUNHA INFORMANDO SOBRE AS OCORRENCIAS EM SÃO PAULO. 
25 A 27 
REGRESSO DE OSVALDO. CONVOCO REUNIÃO NO GUANABARA DOS PROCERES REVOLUCIONARIOS PERANTE OS QUAIS OSVALDO EXPÕE AS OCORRENCIAS. TODOS OPINAM QUE O SECRETARIADO DEVE SER SUBSTITUIDO PELA FORMA COM QUE SE ORGANIZOU. OSVALDO PENSA QUE SE DEVE CONTEMPORIZAR. ENVIO INSTRUÇÕES AO CORONEL RABELO POR INTERMEDIO DO MAJOR CORDEIRO DE FARIAS. 
RECEBO TELEGRAMA DO INTERVENTOR DE SÃO PAULO COM O SECRETARIO COMUNICANDO O ATO E MANIFESTANDO DISPOSIÇÕES DE COLABORAR COM O GOVERNO FEDERAL. O CHEFE DE POLICIA REALIZA ALGUMAS PRISÕES DE POLÍTICOS REACIONÁRIOS QUE CONSPIRAVAM. 
O GENERAL GOIS MONTEIRO ASSUME O COMANDO DA 1ª REGIÃO MILITAR E O CORONEL RABELO DA 2ª. 
28 A 30 
MINAS REAFIRMA SUA SOLIDARIEDADE ATIVA AO GOVERNO FEDERAL POR INTERMEDIO DE VIRGILIO MELO FRANCO. FLORES TELEGRAFA-ME HIPOTECANDO O APOIO DOS CHEFES DOS PARTIDOS POL[ITICOS PARA MANTER A SITUAÇÃO CRIADA EM SÃO PAULO. RESPONDO DIZENDO QUE A MANUTENÇÃO DO GOVERNO DE SÃO PAULO DEPENDE DA SUA ATITUDE DE LEALDADEE COLABORAÇÃO COM O GOVERNO FEDERAL 
CONTINUA AGITADA A QUESTÃO DOS TENENTES CONTRA O MINISTRO DA GUERRA. OSVALDO QUE SE ENTENDERA COM FLORES PEDINDO O APOIO DO RIO GRANDE NO CASO DE SÃO PAULO TRAZ-ME A NOTICIA DE QUE TODA A GUARNIÇÃO DA CAPITAL, INCLUSIVE A POLICIA, ESTAVA CONTRA O MINISTRO DA GUERRA E QUERIA SUA RETIRADA DO CARGO. 
RECEBO A VISITA DE MORAIS BARROS, NOVO SECRETÁRIO DA FAZENDA DE SÃO PAULO , QUE REAFIRMA O DESEJO DE COLABORAÇÃO JUNTO AO GOVERNO FEDERAL. 
JUNHO 
6 A 8 
O CORONEL RABELO MANDA UM EMISSÁRIO PAR A MANIFESTAR-ME SUA DESCONFIANÇA DO NOVO GOVERNO PAULISTA. CHAMO O SECRETÁRIO DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO. ACOMPANHOU-O O DR MORATO. TIVEMOS ONTEM A NOITE LONGA CONFERENCIA ASSISTIDA PELO OSVALDO.. DESFAZEM-SE PREVENÇÕES E QUEIXAS. EM RESUMO, RABELO QUER A MUDANÇA DO COMANDO DA FORÇA PUBLICA DE SÃO PAULO E O GOVERNO PAULISTA QUER A RETIRADA DO TENENTE CORONEL DANIEL, IRMÃO DE MIGUEL COSTA, DO COMANDO DE UM CORPO DA FORÇA PUBLICA. 
16 A 18 
O CORONEL RABELO CONTINUA IMPERTINENTE QUERENDO INTERVIR POLITICAMENTE EM SÃO PAULO PARA MODIFICAR O GOVERNO. 
DIA 30 A 1 DE JULHO 
CHAMO MORATO DE SÃO PAULOCOM QUEM CONVERSO NA PRESENÇA DE OSVALDO E DO GENERAL GOIS SOBRE A ATITUDE DE SÃO PAULO. ELE REAFIRMA O PROPÓPOSITO CONCILIATÓRIOE PROPÕE A REABERTURA DE NEGOCIAÇÕES. 
JULHO 
2 E 3 
VASCONCELOS A MEU CONVITE VAI PARA SÃO PAULO. O CORONEL RABELO CONTINUA COM SUA ATITUDE INTRANSIGENTEQUERENDIO IR PARAS SÃO PAULO E PEDINDO REFORÇO DE TROPAS COMEÇA A QUEIXAR-SE E A DEBLATEAR CONTRA O GOVERNO. 
4 A 6 
CONVERSO COM O CORONEL RABELO SOBRE A SUBSTITUIÇÃO DO COMANDO DA 2ª REGIÃO, SUA PROMOÇÃO A GENERAL E SUA NOMEAÇÃO PARA CHEFE DA CASA MILITAR. 
SOU INFORMADO QUE O GENERAL KLINGER ESTÁ EM ATITUDE DE REBELDIA HAVENDO MANDADO UM OFICIO AO MINISTRO DA GUERRA EM QUE SE RECUSA A RECONHECER SUA AUTORIDADE. O GENERAL GOIS ESTÁ EM CONVERSAÇÕES COM ELE PELO TELÉGRAFO PARA DISSUADI-LO DE SUA ATITUDE. 
A NOITE, CONVERSO COM O MINISTRO DA GUERRA E O GENERAL GOIS SOBRE VARIAS MEDIDAS A TOMAR SOBRE SÃO PAULO E PARANÁ. 
O GENERAL KLINGER MANTEM A A ATITUDE DE REBELDIA. RECUSA-SE A ATENDER AS RAZÕES DO GENERAL GOIS. O GENERAL JOHNSON SEGUIU PARA MATO GROSSO A CONFERENCIAR COM ELE, COM AUTORIZAÇÃODO GOVERNO. ESTE DECIDE-SE TOMAR MEDIDAS MILITARES PARA REDUZIR O REBELDE. COMBINO MEDIDAS COM O MINISTRO DA GUERRA, O CHEFE DO ESTADO MAIOR, O COMANDANTE DA 1ª REGIÃO, O CHEFE DE POLICIA, OS MINISTROS DA MARINHA E FAZENDA E ALGUNS PRÓCERES REVOLUCIONARIOS. 
O MINISTRO DA GUERRA PROPOS A DEMISSÃO E A REFORMA ADMINISTRATIVA DO GENERAL KLINGER QUE IMEDIATAMENTE ACEITA. 
O GENERAL KLINGER RENDEU-SE, PASSOU O COMANDO DA CIRCUNSCRIÇÃO. O GENERAL GOIS QUE DESENVOLVEU GRANDE ATIVIDADE NAS MEDIDAS MILITARES E ACOSSELHANDO ELEMENTOS DE SÃO PAULO, EMPENHA-SE PARA QUE O GENERAL KLINGER NÃO SEJA REFORMADO ADMINISTRATIVAMENTE. 
POLITICOS EXALTADOS EM SÃO PAULO QUIZERAM ADERIR AO GENERAL KLINGER. O COMANDANTE DA FORÇA PUBLICA VACILANTE OU MANCOMUNADO. 
NO RIO GRANDE CONSPIRA-SE. TUDO LEVA A CRER QUE SE KLINGER CONSEGUISSE APOIO DE MATO GROSSO E MARCHASSE EM DIREÇÃO A SÃO PAULO ENCONTRARIA GRANDE APOIO NESTE ESTADO. PARECE QUE A CRISE PASSOU. MIUITO INFLUIU NA DEFINIÇÃO DOS ACONTECIMENTOS A ATITUDE DE LEALDADE E DECISÃO DE FLORES DA CUNHA. 
10 E 11 
IRROMPE O MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO EM SÃO PAULO. TODO O TEMPO ABSORVIDO NAS PROVIDENCIAS PARA COMBATE-LO. MOROSIDADES, CONFUSÕES, ATROPELOS, DEFICIENCIAS DE TODA ORDEM, FELONIA, TRAIÇÕES, INERCIA. ALGUMAS DEDICAÇÕES REVOLUCIONARIAS. UM ATO IMPRESSIONANTE A SOLIDARIEDADE DO RIO GRANDE ATRAVES DE FLORES DA CUNHA. A UNANIMIDADE DO NORTE, SOLIDARIEDADE E COLABORAÇÃO DOS DEMAIS ESTADOS. 
NOMEAÇÃO DO GENERAL GOIS PARA COMANDANTE DA TROPA EXPEDICIONARIA. STOCK DE CARABINAS DO MATERIAL BELICO: APENAS 4700! OS AVIÕES DO EXERCITO QUE DEVIAM VOAR NÃO TEM BOMBAS! 
12 E 13 
O STOCK NÃO É DE 4700, MAS DE 180 MIL. AINDA BEM. 
EM MINAS TRAIÇÃO DE BORBA TRAZIDO PRESO. EM SÃO PAULO, TRAIÇÃO DE VASCONCELOS, DE TODO O GOVERNO PAULISTA, INCLUSIVE A VELHA MUMIA QUE EXUMEI DO ESQUECIMENTO, O INTERVENTOR PEDRO DE TOLEDO. 

NOTA: O DIÁRIO DE GETÚLIO VARGAS PROSSEGUE ATÉ O ANO DE 1942 

sábado, 11 de agosto de 2012

REVOLUÇÃO FRANCESA





A Situação Social antes da Revolução Francesa
A sociedade francesa do século XVIII era dividida em Três Estados:
O Primeiro – Clero
O Segundo – Nobres
O Terceiro – O resto: camponeses, trabalhadores urbanos, conhecidos como Sans Culottes, a baixa, a média e a alta burguesia.
Os Primeiro e Segundo Estados possuíam muitos privilégios e estavam livres de pagar a maioria dos impostos, representavam menos de 3% da população, e não aceitavam qualquer mudança para melhorar a situação econômica, que estava muito grave.
O Terceiro Estado era o único que trabalhava e arcava com quase todos os impostos. Nele estavam também os burgueses mais ricos, que possuíam um grande poder econômico, mas não tinham nenhum direito político e muito menos privilégios.

A CONVOCAÇÃO DOS ESTADOS GERAIS
Na Assembléia do dia 05 de maio de 1789, o Rei sentava ao centro, usava seu grande casaco da ordem do Espírito Santo e seu chapéu de plumas carregado de diamantes.
O Clero e a Nobreza, também usavam roupas que expressavam suas posições sociais.
Os deputados do Terceiro Estado eram 578, enquanto o Primeiro Estado contava com 291 e o Segundo com 270. Esse número não preocupava, nem ao Rei, nem aos Primeiro e Segundo Estados, pois o voto, para esses, aconteceria por Estado. O Terceiro Estado mudou essa realidade, e o que deveria ser uma “revolta Aristocrática” se transformou em uma “Revolução social e política liderada pela burguesia”.

O Terceiro Estado dividia-se, basicamente em dois grupos – os Girondinos e os Jacobinos, que também possuíam um lugar determinado dentro da Convenção. Esses grupos discordavam em vários pontos sobre os rumos da revolução.

Os Jacobinos eram os mais radicais e juntou milhares de membros de diferentes regiões da França. Sua base de apoio eram os Sans Culottes. Como se reuniam no convento de São Tiago (Jacobus em francês) receberam o nome de jacobinos. Sentavam-se à esquerda na Assembleia. Daí, mais tarde, a denominação de “esquerda” para partidos socialistas e radicais que reivindicam mudanças.

Os Girondinos eram os moderados, a maioria burgueses ricos da região da “Gironda”, queriam mudanças, no sentido de se aproximarem dos privilégios, mas não uma maior  participação popular. Na Assembleia sentavam-se à direita, o que também, mais tarde, levou a denominação de “direita” para os partidos com posturas conservadoras.

Inconformados com tal diferença, os integrantes fizeram enorme pressão exigindo a adoção do voto por cabeça. Desta forma, contando com o paio de alguns integrantes dos demais estados, o terceiro estado garantiria um amplo conjunto de reformas político-administrativas. Impassível ao fluxo das urgentes mudanças, o rei Luís XVI ameaçou dissolver os Estados gerais. Unidos em rebelião, os membros do terceiro estado refugiaram-se na sala do Jogo da Péla. Reclusos nesse cômodo do palácio monárquico resistiram até a convocação de uma Assembleia Nacional.

Sem ter mais opções, o rei Luís XVI decidiu aceitar o estabelecimento de uma Assembleia Nacional. Os membros desta juraram em sessão não interromper a reunião até formularem uma nova constituição para a França. Tentando ainda que reverter a situação, o rei Luís demitiu Necker do quadro ministerial. Em resposta, a burguesia formou uma milícia armada, a Guarda Nacional, incumbida de proteger a assembleia das tropas reais.
O clima de tensão e conflito político instaurado não só se observou nos salões e prédios da monarquia francesa. Os populares começavam a se mobilizar contra a insuportável situação econômica vivida. No dia 14 de julho de 1789, uma grande multidão invadiu a Bastilha e libertaram todos aqueles que eram considerados inimigos da realeza. Esse foi o principio de um conjunto de revoltas que se alastraram pelas cidades e campos, era o início do chamado Grande Medo e o fim dos Estados-gerais.
A Tomada da Bastilha foi o marco inicial da Revolução. E o medo de que a revolução camponesa se alastrasse atingindo as propriedades burguesas, resultou na abolição dos direitos feudais, em 4 de agosto de 1789.

No dia 26 de agosto de 1789, a Assembleia Nacional constituiu a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, este documento defendia os seguintes pontos: liberdade, igualdade, inviolabilidade da propriedade, resistência à opressão política e direito à propriedade privada.

No ano de 1790, os bens do clero foram confiscados pela Assembleia Constituinte. Descontentes, os religiosos e a nobreza se refugiaram da França e organizaram exércitos no exterior para reagir à Revolução Francesa.

A Monarquia Constitucional
A Carta Constitucional ficou pronta em setembro de 1791, a partir desta data a França tornou-se uma Monarquia Constitucional, sendo dominada pela burguesia. Muitas modificações ocorreram na organização social e administrativa da França.
A nova Constituição definia que o Poder Executivo caberia ao rei e o Poder Legislativo caberia à Assembleia
.
O rei não aceitou a Constituição, pois não queria perder o poder absoluto, mas seria obrigado a assinar o documento. Então, em julho de 1791, Luís XVI tentou fugir da França para formar um exército fora do país e invadir a França, mas foi preso em Varennes e reconduzido a Paris.

Em 1792, o exército austro-prussiano avançava rumo a Paris, aumento o medo de uma contra - revolução conspirada pelo rei e pela aristocracia. O exército estrangeiro invadiu a França, com a ajuda secreta da família real que passava os segredos militares para as tropas invasoras.

As forças francesas, formada pelos sans-culottes (pequenos negociantes, artesãos e operários), venceram os invasores em Valmy, expulsando-os da França no dia 20 de setembro de 1792.

A Convenção
No dia 20 de setembro de 1792 a República da França foi proclamada, sendo governada por uma nova Assembleia Nacional: a Convenção.
As forças políticas internas mais importantes desse período foram:
- Partido Girondino – representavam a alta burguesia.
- Partido Jacobino – representavam a pequena burguesia.
Em 1793, o rei Luís XVI foi julgado na Convenção e condenado à morte como traidor. O rei foi executado na guilhotina em 21 de janeiro de 1793.

O Período do Terror e o Governo Jacobino
Os jacobinos, liderados por Robespierre, assumem o poder em 1792. Adotaram medidas radicais, como a imposição do Edito do Máximo: tabelamento dos preços máximos. Taxavam os ricos, obrigando-os a pagar mais impostos. Surgiram muitas revoltas contra essas medidas, e o governo jacobino implantou o Terror, executando todos os suspeitos de discordarem de suas práticas.

Em 1794, Robespierre foi deposto da Convenção. O Governo Jacobino foi debilitado.
Em 1795, os girondinos assumem o poder, e as medidas jacobinas são abolidas. Robespierre e outros jacobinos foram executados na guilhotina.

A Convenção começa a elaborar uma nova Constituição, enquanto no sul e oeste do país surgia uma contra - revolução realista que pretendia tomar o poder em Paris, mas foi repreendida por Napoleão. Em seguida a Convenção foi dispensada.

O Diretório
A nova Constituição ficou pronta em 1795. A Constituição estabelecia a continuidade do regime republicano que seria controlado pelo Diretório, formado por 5 membros eleitos pelo Legislativo. E era duvidosa a possibilidade da consolidação da burguesia através desse regime.

O Diretório perdurou até o ano de 1799, foi um período conturbado marcado pelo desemprego e corrupção e muitas revoltas, tanto das baixas camadas quanto da aristocracia.

O 18 Brumário
O general francês Napoleão Bonaparte, apoiado pela burguesia e pelo exército, aplicou o Golpe do 18 Brumário que derrubou o Diretório e o Conselho Legislativo, consolidando o poder da burguesia. 

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Independência ou Morte - Quadro da Independência do Brasil




Essa obra foi encomendada pelo governo imperial e pela comissão de construção do monumento do Ipiranga, antes que o Museu do Ipiranga existisse, a obra foi completada em Florença em 1888.
Dizemos que esta imagem é a interpretação oficial porque foi construída para ser aceita e difundida como o marco histórico da separação da colônia brasileira em relação à metrópole portuguesa.
Na tela também aparecem: à direita e à frente do grupo principal, em semicírculo, estão os cavaleiros da comitiva; à esquerda, e em oposição aos cavaleiros, está um longo carro de boi guiado por um homem do campo que olha a cena curiosamente.


UMA HISTÓRIA FABRICADA?
Assista o vídeo com o escritor Eduardo Bueno logo abaixo:


ANALISANDO O QUADRO DETALHADAMENTE:
Ø  A cena representa Dom Pedro I proclamando a independência do Brasil.
Ø  Pedro Américo compôs um quadro que valorizava a imagem de D. Pedro I como líder da Nação visando contribuir para a estabilização de um império em crise.
Ø  A ideia foi retratar o fato como grandioso, com o intuito de enaltecer o Império e o nacionalismo.
Ø  No quadro D. Pedro I levanta a sua espada, em ato simbólico de rompimento com os laços que uniam Portugal e Brasil, seguido por cavaleiros de seu séquito, que saúdam o gesto acenando com chapéus e lenços.
Ø  D. Pedro I é representado num patamar mais elevado do quadro dando a entender que ele é um estadista que não mede esforços e sacrifícios para realização de seu ideal, ou seja, é representado como um herói.
Ø  Frente a frente com D. Pedro I há um cavaleiro da sua Guarda de Honra que responde ao Príncipe arrancando de sua farda o laço vermelho e azul que simbolizava a união de Portugal e Brasil.
Ø  Em semicírculo, estão os cavaleiros da comitiva; à esquerda, e em oposição aos cavaleiros, o que leva a perceber o efeito de movimento na pintura.
Ø  No canto inferior esquerdo vemos um caipira que para o seu carro de boi para observar a cena histórica que acontece no alto da colina. É essa figura que determina onde nós (observadores) temos que centrar, pois representa o povo, e nesse caso é passivo de participação, ou não sabe muito bem o que esta acontecendo.
Ø  A Casa do Grito – destaque de Pedro Américo com guarda – chuva.
Ø  Rio Ipiranga.
Ø  Pedro Américo deu grande movimento ao quadro, principalmente ao lado direito que corresponde aos cavaleiros da Guarda expressando um misto de ansiedade e tensão que precedeu à proclamação da independência, assim como o entusiasmo com que foi recebida.

No quadro vemos, portanto, representado o desfecho dramático de um acontecimento histórico, concebido como resultado da bravura de um só homem acompanhado da elite e do exército. O “povo brasileiro” representado pelo caipira simplesmente assistiu a tudo o que estava acontecendo.


Comitiva numerosa e arrumada, só anos depois, e nada de cavalos: mulas para aguentar o caminho.

O "tio" de Pedro Américo, com o guarda-chuva, e a Casa do Grito: quadro criou lenda para a construção.


ULTIMO SEGUNDO. ESPECIAL 1822. Disponível em: http://ultimosegundo.ig.com.br/1822/a-fantasia-de-pedro-americo-para-a-independencia/n1237770404907.html. Acesso em: 06 jul. 2018.
YOUTUBE. A verdadeira história da independência do Brasil. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=JjMBpseNPFE. Acesso em: 06 jul. 2018.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Independência ou Morte!

Pedro Américo de Figueiredo e Mello. Independência ou Morte1886-88. Museu Paulista.



Tenho certeza de que você já se deparou com esse quadro alguma vez. Esta é uma das imagens mais citada no que concerne à história do Brasil. Ela está nos livros didáticos e nas ilustrações de revistas e jornais na ocasião de comemorações referentes ao 7 de Setembro. Com isso adquirimos familiaridade com esta figura dando a ela um “estatuto de verdade”.
Ao olharmos para o quadro, acreditamos que somos testemunhas do episódio que aconteceu em 1822. Não levamos em consideração o que está por detrás deste e de todos os demais quadros: a subjetividade do autor. Todo artista transfere para a sua obra características pessoais, seja na técnica da pintura ou no conteúdo representado. Tais características incluem não só a personalidade do artista, mas também o meio em que ele vive. Assim, um quadro é fruto de diversos fatores que vão além da verdade como “ela realmente aconteceu”. 

Pedro Américo compôs um quadro que valorizava a imagem de D. Pedro I como líder da Nação visando contribuir para a estabilização de um império em crise.

Olhemos o quadro: Em segundo plano D. Pedro I levanta a sua espada, em ato simbólico de rompimento com os laços que uniam Portugal e Brasil, seguido por cavaleiros de seu séquito, que saúdam o gesto acenando com chapéus e lenços.

No canto inferior esquerdo vemos um caipira que pára o seu carro de boi para observar a cena histórica que acontece no alto da colina. É essa figura que determina onde nós (observadores) temos que centrar. O caipira representa o povo brasileiro.


D. Pedro é representado num patamar mais elevado do quadro dando a entender que ele é um estadista que não mede esforços e sacrifícios para realização de seu ideal, ou seja, é representado como um herói. Frente a frente com D. Pedro há um cavaleiro da sua Guarda de Honra que responde ao Príncipe arrancando de sua farda o laço vermelho e azul que simbolizava a união de Portugal e Brasil.
Pedro Américo deu grande movimento ao quadro, principalmente ao lado direito que corresponde aos cavaleiros da Guarda expressando um misto de ansiedade e tensão que precedeu à proclamação da independência, assim como o entusiasmo com que foi recebida.
No quadro vemos, portanto, representado o desfecho dramático de um acontecimento histórico, concebido como resultado da bravura de um só homem acompanhado da elite e do exército. O “povo brasileiro” representado pelo caipira simplesmente assistiu a tudo o que estava acontecendo.
O quadro contradiz com o momento em que o Brasil estava vivendo. Na década de 1880, o Imperador doente e esgotado lutava para manter vivo um Império em crise. O quadro veio como uma forma de compensar a realidade que saia do controle, sendo bem-vindo naquele momento como uma busca de revitalização da figura do imperador. Assim podemos dizer que o quadro nos diz muito mais sobre o contexto político e social das últimas décadas do século XIX do que da fidelidade aos eventos que levaram à Independência do Brasil.

Texto baseado no artigo de Claudia Valladão de Mattos com o título: “Independência ou Morte!” de Pedro Américo: reflexões sobre a construção do imaginário da Independência do Brasil no século XIX.
Encontrei essa publicação em outro blog, onde a pesquisa esta mais completa. Sugiro que sigam esse link: http://historiandonanet07.wordpress.com/2011/01/16/%E2%80%9Cindependencia-ou-morte%E2%80%9D-de-pedro-americo/
Dicas:
  • DEBRET, Jean-Baptiste. Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil. São Paulo, USP, 1978 (3 volumes)
  • LIMA, Valéria. J.-B Debret, historiador e pintor: a viagem pitoresca e histórica ao Brasil (1816-1839). Campinas, Editora da UNICAMP, 2007.
  • OLIVEIRA, Cecília. 7 de Setembro. A Independência do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005.