GUERNICA
de Pablo Picasso -
Um
pouco de História
Um
dos quadros mais conhecidos e comentados da história é, sem dúvida, o Guernica,
do genial Pablo Picasso. Guernica é uma antiga cidadezinha da região basca da
Espanha, país de origem de Picasso. Em 1937, a Espanha vivia os efeitos da
Guerra Civil, resultado do conflito travado entre duas facções políticas: de um
lado, os republicanos; de outro, as forças extremistas da direita lideradas
pelo general Franco, apoiado pelo Nazismo alemão e pelo Fascismo italiano.
Em
abril de 1937, com a finalidade única de mostrar força, Franco ordenou que
aviões alemães bombardeassem a indefesa Guernica. Da população de 7 mil
pessoas, 1654 foram mortos e 889 feridos. Picasso, indignado com o fato, pintou
o quadro Guernica em poucas semanas denunciando e procurando despertar a
opinião pública para a tragédia. Por ordem do pintor, a obra permaneceu em
Paris, até o fim da Ditadura Franquista, em 1975. Atualmente o quadro se
encontra em Madri.
Nesse
enorme quadro Picasso utilizou apenas o preto e o branco e alguns tons de cinza,
criando detalhes que impressionam o observador. Além das pessoas mortas no
chão, uma mulher segura uma criança e olha para cima como que procurando
identificar de onde vêm as bombas; uma pessoa parece gritar em desespero; um
cavalo com o corpo contorcido parece relinchar. Não vemos as bombas; apenas um
clarão ao fundo. Mas reconhece-se a violência da cena: um bombardeio sobre uma
cidade desprotegida.
É
um quadro profundamente expressivo e um sentimento de luto percorre esta obra
dorida pintada a preto, branco e cinzento. A sua composição apresenta três
planos significativos: à esquerda, o touro e a mulher com a criança morta nos
braços; ao centro, o cavalo e a mulher que transporta a lâmpada; à direita, o
incêndio e a mulher que grita. O guerreiro morto no solo ocupa a parte inferior
da metade direita. A sensação de tragédia, de dilaceramento e de destruição é
chocante. Para exprimir o horror de uma destruição insuportável, Picasso parece
reduzir seres humanos e animais a gritos. A postura das mãos, os braços
estirados, as bocas abertas e os olhos esbugalhados expressam o horror da
morte. Vemos lâmpadas, mas elas não proporcionam qualquer claridade. A
decomposição e a fragmentação dos corpos sugerem dilaceração e sofrimento. A
cor, como já dissemos, é triste. A atmosfera é de pessimismo e interrogamo-nos
sobre o sentido simbólico dos elementos luminosos que aparecem. Uma réstia de
esperança na vitória das forças republicanas? Note-se ainda a quase total
ausência de volume, que sugere a ideia de que a vida e a liberdade foram
esmagadas. Guernica é um libelo contra a guerra - contra a crueldade
desnecessária - e traduz dramaticamente o compromisso político do artista.